terça-feira, 16 de outubro de 2012

Terceira via: uma releitura da social democracia e sua função ecosustentável da contemporaneidade!

Antes mesmo do término do regime ditatorial, as diretrizes para a abertura da economia brasileira para o mercado internacional já estavam traçadas. Os presidentes que ascenderam ao poder não poderiam fugir a uma realidade pujante de cunho internacional, qual seja: o término da bipolarização política internacional e a derrocada do socialismo. Significa dizer que a economia capitalista se sobrepôs, mas, os gravames sociais precisariam ser mitigados para a expectativa da consolidação de uma democracia.

No Brasil, talvez tivéssemos vivido o apogeu de um governo social democrático com Fernando Henrique Cardoso; afinal, sua gestão foi a responsável pelas privatizações e desestatizações, pela implementação da lei de responsabilidade fiscal, pela estabilidade econômica e monetária, pela implementação dos programas sociais de transferência de renda, e, pela criação das agências reguladoras. Verifica-se um cenário de consolidação do capitalismo, porém, mitigado por políticas de austeridade fiscal e de redistribuição de renda.

O lulopetismo que sucedeu ao governo tucano, embora fazendo uso de um discurso demagógico, deu continuidade às diretrizes políticas e econômicas implantadas pelo governo antecessor, com a peculiaridade de ter transformado o Estado no principal agente social; um retrocesso político, pois a transformação social e econômica decorre dos próprios agentes sociais e econômicos, dentre os quais não está o Estado. A regulação estatal cedeu espaço para loteamento de cargos públicos e a perda da autonomia das agências reguladoras, que têm natureza de autarquia.

Na atualidade, chegamos à uma situação de estagnação política, que é reflexo da falta de profundidade intelectual de nossa classe política para pensar a transformação social brasileira, e, da falta de compromisso para com a coisa pública. Os partidos políticos se distanciaram de suas ideologias e mercantilizaram a política, de modo que, enquanto se produz um discurso do desenvolvimento sustentável nas academias, nas instituições políticas e partidárias se pratica uma política feudal em que os partidos se fragmentam em grupos para a proteção do patrimônio privado, colocando-se em risco a sustentação da República.

Temos um fosso abiçal que separa a política do desenvolvimento sustentável. Posso estar enganado, mas, acredito que o político e o partido que se aproximar da função ecológica da política e implantar um discurso e uma prática voltados para a sustentabilidade, preencherá uma lacuna no cenário político brasileiro. Choque de gestão, urbanização das favelas, desenvolvimento científico e tecnológico para uma produção mais hígida, são alguns dos temas para se propiciar uma cidade, um estado, um país sustentável. Ou assumimos essa responsabilidade, ou assistiremos a natureza sucumbir, e a humanidade juntamente com ela, pois, como diria Merleau-Ponty: "A Natureza não é o que está diante dos nosso olhos, e sim o solo que nos sustenta".

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